terça-feira, 3 de março de 2009

Soneto do Desmantelo Azul


Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

Carlos Pena Filho


* foto da coleção " Para Fazer um Soneto" da Quem-Te-Vestiu em homenagem a Carlos Pena Filho.

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