domingo, 21 de dezembro de 2008

" lembra que o fim é nada, o puro assombro
  só é devido a tudo que começa."

Carlos Pena Filho

Nem todo dia é dia...

Os dias passaram e a vida mudou completamente, onde eu estava que só vi passar? Não estava vivendo, assisti tudo muito rápido, perdi os sentimentos, não deu tempo. Camuflei a tristeza em alegria, me inventei, uma invenção de mim mesma, me perdi e pior, me achei e não gostei, me achei pedindo socorro por perceber que não senti, que quis demais, que pedi demais, que perdi demais porque me expus demais. Uma exposição de demasias. Fragilidade perceptível e a flor da pele. Não saber enganar a não ser a si mesma todos os dias na tentativa de fazer melhor, de ser quem eu sonhei, um sonho infantil, infantil como são aqueles que precisaram ser adultos primeiro, que nasceram pra entender, percepções precoces que distorcem os sentimentos mais bobos depois que viramos, de fato, adultos.
Mudar seria a palavra mais apropriada, diriam aqueles que dão conselhos, apropriada pra que mesmo? Como se faz isso? Por que deixaram o entender vir antes do aprender? 
Crescer, crescer, crescer é a meta dos que sabem o que querem, dos que vencem. Eu quero também vencer, crescer, mas a melhor frase que ouvi no meu ano foi: nem todo dia é dia...

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O sonho voltou

Uma nova chance para seguir adiante!
Mesmo não sendo o bastante
E eu assim, tão inconstante...


segunda-feira, 3 de novembro de 2008

E estamos conversados

Eu não acho mais graça nenhuma nesse
ruído constante
que fazem as falas das pessoas falando,
cochichando e reclamando, que eles
querem mesmo é reclamar,
como uma risada na minha orelha,
ou como uma abelha, ou qualquer outra
coisa pentelha,sobre as vidas alheias,
ou como elas são feias,
ou como estão cheias de tanto esconderem segredos
que todo mundo já sabe, ou se não sabe desconfia.
Eu não vou mais ficar ouvindo distraido eles falarem deles
e do que eles fariam se fosse com eles
e do que eles não fazem de jeito nenhum,
como se interessasse a qualquer um.
Eles são: As pessoas.
As pessoas todas, fora os mudos.
Se eles querem falar de mim, de nós, de nós dois,
falem longe da minha janela, por favor,
se for para falar do meu amor.
Eu agora só escuto rádio, vitrola, gravador.
Campainha, telefone, secretária eletrônica eu não ouço nunca mais,
pelo menos por enquanto.
Quem quiser papo comigo tem que calar a boca enquanto eu fecho o bico.
E estamos conversados.


* Arnaldo Antunes - ele é incrível!

Desabafo

Uma vez um amigo me disse que eu sou uma espécie de pilar para unir as pessoas. Nunca esqueci. Eu me acho uma espécie de imã para problemas. Destinada a ajudar aqueles que me procuram com gestos e palavras encorajadoras. Felizmente são pessoas maravilhosas e aprendo muito tentando ajudá-las.

Mesmo quando erro, me vêem como alguém feliz, alguém que apesar de passar por muitos problemas a vida toda, sempre soube superar. Me acham justa, sincera e sensata! Logo eu que convivo tão perto da loucura e tenho que fazer muitas vezes o que não quero, tenho que aceitar o que muitos jamais aceitariam. Não vejo muita sensatez nisso tudo. Só que entendo todos eles, não sei porque, mas entendo. Não queria entender, mas entendo.

Eu me acho egoísta. Tento realmente ajudar, com muito carinho, mas faço dessa ajuda uma forma de esquecer os meus problemas. Não sei o quanto sou justa. Sei que não sou tão boazinha como pensam, embora não consiga fazer as maldades que às vezes penso. Eu erro. Erro muito, mas conserto. Às vezes não. Sou forte e realmente sou feliz. Esse é o problema: forte e feliz, então não preciso de mais nada. Aguento tudo!

Não quero mais aguentar. Tudo que eu quero é alguém mais forte que eu para poder ser fraca. Quero alguém que cuide de mim. Quero.

Mas o que eu quero nem sempre eu preciso...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Depois, culpou a chuva e os amigos que o julgavam perto enquanto se banhava no imprevisto litoral do sexto continente. A culpa era deles, positivamente. E da chuva. Enquanto isto, o pai jogava cartas e a mãe equilibrava orçamentos. A tia brincava com a vesícula e os irmãos com tabelas de futebol. Só a moça se aproximava, às vezes. Mas essa estava irremediavelmente presa atrás de pianos e livros, imaginando jardins.
E não havia só a chuva. Também o velho paletó azul cheirando a maçãs, ou, melhor, os bolsos outrora habitados por coloridas bolas de vidro. A distância era silenciosa e perigosamente enorme.
Se culpada era a chuva, cúmplice era, por certo, o velho paletó azul e os pianos e os livros transformados em imensas muralhas, cobertas de musgo.
Urgia, portanto, um divertimento como solução definitiva.
As bolas de vidro eram demasiadamente exteporâneas. As palavras cruzadas, bem mais cômodas e alucinantes. Abriu a porta e, além, não descobriu nem paredes nem paisagem alguma. Entrara incoscientemente no mundo do absurdo. Tudo era favorável a inventos e saltos.
E, divertido, muito divertido; como o nascimento de rosas azuis nos encostos dos sofás e as uvas que frutificavam nas pontas dos cabelos.
Só mais tarde teve conhecimento de tudo e viu que as plavras eram deliciosos divertimentos para adultos.
Hoje, é fabricante de brinquedos.
Mas tudo sem coseqüencias nem circunstâncias. E sobretudo improcedentes. Tanto que pôs um aviso em todos eles: estes brinquedos não foram feitos de maneira alguma, para pessoas que possuam velhos paletós azuis cheirando a maçãs, ou coisas presas atrás de pianos e livros.
Carlos Pena Filho

Uma Aprendizagem

"Mais uma vez, nas suas hesitações confusas, o que a tranqüilizou foi o que tantas vezes lhe servia de sereno apoio: é que tudo que existia, existia com uma precisão absoluta e no fundo o que ela terminasse por fazer ou não fazer não escaparia dessa precisão"

Clarice Lispector - Uma Aprendizagem ou Livro dos Prazeres

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Chá de Devaneios

No chá das horas
há saudade,
devaneios errantes,
conversas todas as tardes
sobre antigos amantes.
No chá das horas
o tempo é coadjuvante
não importa o quanto passe
e deixe o passado distante,
para elas só o delírio
é companheiro constante.
No chá das horas
a saudade e
os devaneios errantes
conversam todas as tardes...
só o amor é importante.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Lembrança e esquecimento
É tudo falha de pensamento.

Preferência

Não gosto da vingança
Nem dos jogos que ela inventa.
Não gosto da amargura
Nem da insegurança que ela provoca.
Não gosto da certeza
Nem da prepotência que ela traz.

Eu gosto do amor
E dos jogos que ele inventa.
Eu gosto do perdão
E da alegria que ele provoca.
Eu gosto do destino
E das surpresas que ele traz.

Maiakóvski

Não acabarão com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme
fiel
e verdadeiramente.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Sobre o tempo

Ah, o tempo! Façam parar!
Quero experimentar o vão momento
em que dele eu possa desfrutar
sem que nenhum pensamento
venha me atormentar...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Felicidade

"Falhas de Civilização

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as cousas humanas postas desta maneira.
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as cousas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as cousas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade! "

(Alberto Caeiro/Fernando Pessoa)


Saiba: a felicidade não é eterna, mas depende de nós fazê-la durar.


"Pra sempre é sempre por um triz."

(Chico Buarque e Edu Lobo)


Porque escolher ser infeliz?
É tão bom sentir saudade!
E com ela ser aprendiz,
Aprendiz da Felicidade!



quarta-feira, 9 de julho de 2008

Num Dia

Sujar o pé de areia pra depois lavar na água
lavar o pé na água pra depois sujar de areia
esperar o vaga-lume piscar outra vez
ouvir a onda mais distante por trás da onda mais próxima
sujar o pé de areia pra depois lavar na água
respirar
sentir o sabor do que comer
caminhar
se chover, tomar chuva
não esperar nada acontecer
ser gentil com qualquer pessoa
sujar o pé de areia pra depois lavar na água
lavar o pé na água pra depois sujar de areia
esperar o vaga-lume piscar outra vez
ouvir a onda mais distante por trás da onda mais próxima
respirar
sentir o sabor do que comer
caminhar
se chover, tomar chuva
ter saudade no final da tarde
para quando escurecer esquecer
ao se deitar para dormir, dormir

Arnaldo Antunes

* Porque continuo no clima "aconteça o que acontecer, o que tiver que ser será"!!!
Vivendo um dia de cada vez...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A Regra

Houve um tempo em que eu pensava muito no futuro. Ainda penso, mas não como naquele tempo. Era um tempo de eterno romantismo. Suspirava sempre ao acordar e me mantinha sonhando como se fosse um ritual ou regra. Deixar esses sonhos mesmo que por alguns segundos, era como descrer no meu futuro. Levava tão a sério essa minha regra que às vezes achava que podia prever como seria minha vida. Era uma previsão idealizada, mas baseada nas tantas vezes que vi esses sonhos se tornarem realidade.

É verdade, coincidência ou não, muitos se tornaram reais. Talvez por minha vontade ser tão grande que me impulsionava a fazer tudo que fosse possível para realizá-los, talvez só pela força do pensamento positivo ou destino mesmo. No entanto, em vez de sonhos, às vezes temos pesadelos. Foi aí que comecei a perceber que não podia criar a minha vida.

Faz parte da vida viver em sociedade, o que implica respeitar o próximo, aceitando suas opiniões e diferenças entre outras coisas. O problema, porém, era esse próximo estar muito próximo a mim. Que é uma condição humana ser social isso eu sabia, e sempre fui muito querida por meus próximos, sempre respeitei os espaços reservados a qualquer tipo de relacionamento. Mas até então não conseguia aceitar ter que mudar meus planos por causa dos outros.

Até ter minhas primeiras decepções (elas são essenciais para mudarmos as regras, infelizmente), passava dias discutindo, eu comigo mesma, o que dizer para não sei quem, o que fulana irá pensar ou ainda o que vão me dizer... Até que descobri que tinha quem pensasse da mesma forma que eu e obviamente essas pessoas se tornaram meus melhores amigos. Para complicar ainda mais minha situação, além de discutirmos minhas expectativas em torno dos meus relacionamentos, esses amigos passaram a achar que eu era dotada de algum dom especial capaz de entender o mundo, e então comecei a especular sobre a vida deles também.

E assim era a minha vida, voltada a interpretar as relações humanas, principalmente amorosas e a idealizar sobre meu futuro, sem esquecer de realizar alguns sonhos de vez em quando. Todo bom observador sabe que podemos prever os gestos e atitudes de outras pessoas quando as conhecemos bem. Isso nunca significou que somos capazes de acertar sempre. Ainda bem!

Só de imaginar uma vida sem surpresas já me dá arrepio. Pois é, apesar da regra, sempre adorei surpresa e quando lembrei disso, juntando com outros fatos que já estavam fugindo ao meu controle, percebi que a graça da vida está justamente na surpresa. A graça, e a tristeza também. Mas uma não pode existir sem a outra.

Então resolvi que não vou mais especular (pelo menos não muito) nem a minha vida nem a de ninguém! Agora em vez de ficar ouvindo a mim mesma, vou ouvir os outros, esperar que eles me mostrem e me digam o que querem e pretendem em vez de tirar conclusões precipitadas. Por isso criei uma nova regra, fácil de seguir e muito simples, parece até citação de livro de auto-ajuda, mas no meu caso é para ser mesmo.


Eis a nova regra:

Não tente ver nada além do que lhe for mostrado. Em alguns momentos o que vale é enxergar a verdade com nossos próprios olhos, não com os olhos do coração ou da mente, esses que teimam em criar situações, histórias, sentimentos e que, mesmo com as melhores intenções, acabam atrasando nossa vida. Não espere por algo que provavelmente não acontecerá. Mas tenha esperança naquilo que está acontecendo! Então olhe ao seu redor e veja. Pode até ser feio, mas será verdadeiro. Muitas vezes é mais bonito do que a gente imagina. Porém, nunca, em hipótese nenhuma, esqueça dos seus sonhos, torne-os reais!

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